Inundações e deslizamentos de terra provocados pelo Tufão Yagi, em combinação com as chuvas sazonais de monções, deixaram pelo menos 226 mortos e 77 desaparecidos em Mianmar, conforme relatado pela mídia estatal. O total de vítimas na região do Sudeste Asiático, que inclui países vizinhos, já supera 500.

A dificuldade na comunicação nas áreas afetadas, agravada pelo conflito civil que assola Mianmar desde o golpe militar de 2021, tem contribuído para a lentidão na obtenção de dados sobre as vítimas. O ambiente de guerra civil tem comprometido tanto a governança quanto os esforços de socorro no país.

O tufão também atingiu o Vietnã, o norte da Tailândia e o Laos. De acordo com o Centro de Coordenação de Assistência Humanitária da ASEAN, o Vietnã registrou quase 300 mortes, a Tailândia 42 e o Laos quatro. Nas Filipinas, foram contabilizados 21 mortos e 26 desaparecidos.

Em Mianmar, estima-se que cerca de 631 mil pessoas foram diretamente afetadas pelas inundações, agravando a crise humanitária de um país que já enfrentava 3,4 milhões de deslocados antes da passagem do tufão. As regiões central e oriental, incluindo Mandalay, Magway, Bago, o Delta de Ayeyarwaddy e partes da capital Naypyitaw, foram as mais atingidas.

Além das mortes, as enchentes causaram danos extensivos, destruindo mais de 160 mil casas e forçando a criação de 438 acampamentos de emergência que abrigam mais de 160 mil pessoas. O governo militar informou que aproximadamente 240 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas residências.

A infraestrutura foi severamente comprometida, com danos a 117 prédios governamentais, 1.040 escolas, 386 templos religiosos, além de estradas, pontes e torres de telecomunicações. Aproximadamente 130 mil animais pereceram e mais de 259 mil hectares de terras agrícolas foram devastados.

A resposta ao desastre é dificultada por estradas bloqueadas, pontes destruídas e o contínuo conflito armado. A ONU e autoridades locais destacam a necessidade urgente de alimentos, água, medicamentos e abrigo. Segundo o vice-general sênior Soe Win, Mianmar tem recebido ajuda internacional, incluindo suporte da ASEAN, e as operações de recuperação e reabilitação foram iniciadas com a diminuição dos níveis de água.