Há décadas São Miguel dos Campos, indubitavelmente, não vivenciava um quadro eleitoral tão complexo: há quem diga que se assemelha a um tabuleiro de xadrez. Interessante que o xadrez é um jogo competitivo e com caráter de disputa inteligente. No entanto, só entra no jogo quem tem jeito pra coisa e, evidentemente, sabe jogar. Assim também é a política: esta não é uma arte para amadores e, desta vez, São Miguel dos Campos agrega políticos experientes na disputa pelo Poder Executivo do município.

Partindo da grande novidade da metáfora do tabuleiro está a família Pereira. Estes são oriundos da pequena Junqueiro e conseguiram se alastrar no reduto. Hoje também comandam Teotônio Vilela e Campo Alegre; sem dúvidas a forma de fazer política da supracitada família lhes rendeu espaço na conjuntura estadual alçando o clã ao grande feito de obter uma vaga na Casa Tavares Bastos e com esse espaço conseguiram notoriedade. Tida como uma linhagem de políticos habilidosos, à frente da disputa na terra dos Caetés está o atual Secretário de Estado e ex-prefeito de Junqueiro Fernando Pereira representando o Partido Progressista (doravante PP). Este é aposta do grupo para São Miguel dos Campos.

Vale ressaltar que há uma dificuldade na renovação de quadros no grupo da família Pereira, embora estes tentem resistir ao tempo se reciclando e migrando para novos desafios. Importante mencionar que Fernando, anunciou como possível companheiro de chapa o vereador Maxwel Idalino, todavia, ecoa nos bastidores que o mesmo não possue apoio popular e que possivelmente pode ter conquistado o lugar em virtude do tom capitalista que costuma implementar em suas disputas.

Polarizando ainda mais o jogo está o ex-prefeito do município: o empresário George Clemente (MDB).  Irrefutavelmente este é um forte candidato na disputa ao pleito executivo. Aliado do Governador, também possui um bom trânsito nos arredores circunvizinhos, exemplo disso é a correlação de força que tem com a Deputada Estadual Fátima Canuto e com seu filho Renato Filho, Prefeito do Pilar.

Com estilo político distinto George está conseguindo aglutinar importantes lideranças e partidos no município, todavia, a parada não está tão fácil como costumava ser. Ademais, segundo uma entrevista recente, o Governador Renan Filho acredita que Clemente poderá ser o grande vitorioso na disputa que se aproxima. Contudo, as pesquisas apontam para um resultado apertado e, muitas vezes, incerto. Embora muitos apostem nas forças externas, este vem trilhando o caminho oposto: alinhando as forças internas do município, porém, nada que possa expressar uma vitória certa. Claramente é um forte candidato, e de forma sábia, vem deixando o caminho aberto para a construção da chapa majoritária, uma vez que, esconde a sete chaves quem poderá ser o possível pré candidato a vice – prefeito em sua composição.

Este tabuleiro contém um terceiro jogador, diferentemente do xadrez tradicional que possui apenas dois: o atual prefeito Pedoca (DEM), sempre foi inserido na política por seu tio, Tadeu Alves, e diga-se de passagem, este é o verdadeiro jogador, todavia, parece que não calculou bem suas jogadas após a vitória nas urnas, provando que entende de eleição, mas não entende de Administração, pois, Pedro Ricardo segue com baixa avaliação popular e nas pesquisas sempre perde em todos os cenários de intenções de votos. Seu grande aliado é o Deputado Marcelo Vitor, presidente do Parlamento Alagoano, o qual faz questão de chamar de Padrinho nos eventos políticos do município.

Pedro Ricardo, teve seu poder de transferência de votos testado nas eleições em 2018, porém, não demonstrou tanta desenvoltura como cabo eleitoral. Diante disso, se observa a falta de traquejo de um político experiente, que não está sabendo correr nesse tabuleiro tão complexo e, para seu azar, desta vez, enfrentando duas grandes estruturas políticas com possibilidades de vitória reais. A verdade é que Pedoca se trata apenas de um coadjuvante neste cenário, considerando que aquele que realmente joga e entende do xadrez está nos bastidores, esse sim merece atenção. Pedro Ricardo, em quase quatro anos de mandato, ainda não disse para que veio e se veio para ficar, entretanto, dá sinais de sobrevivência e que não deve ser subestimado, pois, quando isso ocorreu, o mesmo trinfou na primeira disputa a majoritária da cidade.

Correndo pelos flancos estão duas personalidades que apostam no voto da renovação. O primeiro se trata de Flávio Altec (PATRIOTAS), este tem como farol em seu caminho o modelo político de Jair Bolsonaro (sem partido), apostando nas mídias sociais e defensor de um estilo neo - liberal para comandar a máquina pública. Conquanto, apenas saberemos de fato o tamanho de Flávio quando as eleições começarem, pois, o discurso defendido como “nova política” será testado nas ruas, e o mais importante é saber se Flávio Altec não irá se aliar a velha política durante o percurso, em virtude de sua proximidade a família Pereira.

Findando à análise, também na disputa está o empresário Chiquinho Seabra(PSDB), este defende um discurso de renovação política e tem se esforçado para se manter firme no páreo. Entretanto, é nítido que o esforço desempenhado no início do ano lhe rendeu alguns holofotes, mas, talvez não o esperado por seu grupo político, uma vez que, sua taxa de conhecimento na cidade em que foi secretário continua paralisada sem apresentar crescimento. Ademais, é importante salientar que Chiquinho é importante neste tabuleiro em virtude da sua vasta experiência no setor público.

Sendo assim, a disputa em São Miguel dos Campos, será de tirar o fôlego e, sem dúvidas, acirrada, pois, aquele que descentralizar o jogo e insistir na diagonal com jogadas assertivas e perfeitas aglutinando os principais grupos e partidos políticos do município tende a sair na frente. No entanto, o segredo está naquele que errar menos, pois, aquele que errar menos vencerá. XEQUE MATE!