ONU denuncia trabalho forçado e possível escravidão na Coreia do Norte

Relatório do Alto Comissariado revela sistema brutal de exploração e controle sob regime ditatorial

Por Da Redação com Gazeta Brasil 16/07/2024 - 09:38 hs
Foto: AFP


Nesta terça (16), a ONU expôs em um relatório contundente a existência de um sistema de trabalho forçado institucionalizado na Coreia do Norte, que em alguns casos configura-se como escravidão, sendo classificado como crime contra a humanidade.

 

 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos detalhou como os norte-coreanos são submetidos a um vasto sistema de trabalho forçado em múltiplos níveis, sob o jugo de um regime ditatorial. Segundo o relatório, as vítimas são "controladas e exploradas" em condições de extrema violência e tratamento desumano.

 

"Essas pessoas são obrigadas a trabalhar em condições intoleráveis, muitas vezes em setores perigosos, sem salário, sem possibilidade de escolha, sem proteção, sem atendimento médico, sem férias, sem comida e sem abrigo", denunciou o Alto Comissário Volker Türk em comunicado.

 

O relatório baseou-se em 183 entrevistas realizadas entre 2015 e 2023 com vítimas e testemunhas que conseguiram fugir da Coreia do Norte e vivem no exterior. Relatos angustiantes descrevem espancamentos frequentes e mulheres constantemente expostas a riscos de violência sexual.

 

 

Essas revelações ecoam acusações históricas documentadas pela ONU, que há uma década denunciava o trabalho forçado, execuções, estupros, torturas e outras violações graves dos direitos humanos no país, incluindo a detenção massiva em campos de prisioneiros.

 

O relatório atual destaca seis tipos diferentes de trabalho forçado, incluindo detenção, serviço militar obrigatório de 10 anos e trabalhos designados pelo Estado, como construção e agricultura. As piores condições são encontradas nos locais de detenção, onde as vítimas são obrigadas a trabalhar sob ameaça de violência física.

 

A ONU insta a Coreia do Norte a "pôr fim ao trabalho forçado em todas as suas formas" e a abolir o trabalho infantil, além de pedir à comunidade internacional uma diligência rigorosa em compromissos econômicos com o país, garantindo condições de trabalho decentes para norte-coreanos no exterior. Também convoca o Conselho de Segurança da ONU a considerar o envolvimento do Tribunal Penal Internacional.