Família acusada de torturar e matar auditor fiscal volta ao tribunal em Maceió

Júri popular segue com depoimentos dos réus, acusados de homicídio triplamente qualificado e outros crimes conexos

Por Redação com Ascom MP/AL 01/11/2024 - 09:26 hs
Foto: MP de Alagoas


Nesta sexta-feira, 1º de novembro, a família acusada de torturar e assassinar o auditor fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), João de Assis Pinto Neto, retorna ao tribunal em Maceió para a conclusão dos depoimentos. O crime, que ocorreu em 2022, chocou a comunidade local, e o julgamento, que começou ontem, está previsto para ser finalizado ainda hoje.

 

 

Os réus são os irmãos Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo da Silva e João Marcos Gomes de Araújo; a mãe deles, Maria Selma Gomes Meira; e Vinícius Ricardo de Araújo Silva. Todos são acusados de homicídio triplamente qualificado, além dos crimes de fraude processual, corrupção de menor e ocultação de cadáver.

 

De acordo com a acusação, os irmãos Ronaldo e Ricardo são os principais responsáveis pela tortura e morte de João de Assis, que foi assassinado enquanto realizava uma fiscalização no depósito de bebidas da família. Já Vinícius, Maria Selma e João Marcos são acusados de fornecer apoio moral e logístico, ajudando a encobrir o crime.

 

 

Confissões e contradições nos depoimentos


Na sessão desta quinta-feira (31), Ronaldo Araújo confessou o crime, dizendo que esfaqueou a vítima e colocou o corpo no veículo dirigido por Vinícius. Ele afirmou que João de Assis caiu morto após o primeiro golpe. A defesa tenta construir a tese de que Ronaldo agiu sozinho, numa tentativa de amenizar a situação dos outros réus, especialmente Ricardo, que já responde por outro homicídio no Rio Grande do Norte.

 

No entanto, o depoimento de Ricardo trouxe contradições. Inicialmente, ele havia negado qualquer envolvimento, mas no tribunal admitiu ter visto o auditor morto e coberto de sangue. Vinícius Araújo, por sua vez, confessou ter dirigido o carro que transportou o corpo de João de Assis até o local onde foi queimado, mas alegou que não participou diretamente do crime, apenas ajudando após o assassinato.

 

Envolvimento da mãe e detalhes macabros do crime


Maria Selma, mãe dos réus, também confessou ter limpado parte da cena do crime, mas disse não saber quem foi o assassino. Segundo seu depoimento, ao chegar ao local, foi informada por seu filho João Marcos de que "um crime havia acontecido", e ele suspeitava que Ronaldo e Vinícius estivessem envolvidos.

 

O crime ocorreu em agosto de 2022, quando o auditor fiscal João de Assis realizava uma fiscalização em um depósito de bebidas localizado no bairro Benedito Bentes, em Maceió. O estabelecimento estava sob investigação por envolvimento com mercadorias roubadas. Ronaldo confessou à polícia que matou o auditor com uma faca e, em seguida, o apedrejou. O corpo de João de Assis foi encontrado carbonizado, com 95% de comprometimento, conforme o Instituto Médico Legal.

 

As próximas horas serão cruciais para o desfecho do julgamento, que continua a ser acompanhado de perto pela população local e familiares da vítima.