Copom decide hoje sobre nova alta da Selic em meio a pressões de inflação e alta do Dólar

Expectativa é de que o Banco Central eleve a taxa básica de juros para 11,25% ao ano; impactos da seca e do câmbio intensificam incertezas

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia nesta quarta-feira (6) sua decisão sobre o rumo da taxa básica de juros, a Selic, em meio a um cenário de alta do dólar e impactos da seca sobre os preços de energia e alimentos. A expectativa, de acordo com a edição mais recente do Boletim Focus — que reúne projeções de analistas de mercado —, é que a Selic suba 0,5 ponto percentual, alcançando 11,25% ao ano. Essa será a segunda alta consecutiva após mais de dois anos de cortes.

 

 

A decisão do Copom segue uma série de ajustes na política monetária, com o objetivo de conter pressões inflacionárias em um contexto de atividade econômica resiliente e aquecimento do mercado de trabalho. No último comunicado, em setembro, o comitê justificou a alta dos juros com base nesses fatores.

 

Cenário de Inflação e Pressões Externas

 

A inflação segue sendo uma das principais preocupações do Banco Central. Segundo o último Boletim Focus, as projeções para a inflação de 2024 subiram de 4,38% para 4,59%, valor acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%.

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a medida oficial da inflação, teve alta de 0,44% em outubro. Esse aumento foi impulsionado pela bandeira vermelha nas tarifas de energia e pelos preços dos alimentos, que subiram devido à seca prolongada. Em setembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que a seca terá impacto nos preços, mas defendeu que o choque de oferta de alimentos não deve ser combatido apenas com altas de juros.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos e serviços têm sido os maiores responsáveis pela alta da inflação, com o IPCA acumulando 4,42% nos últimos 12 meses, aproximando-se do teto da meta para o ano que vem.

 

Impacto da Selic na Economia

 

A taxa Selic é o principal mecanismo do Banco Central para controlar a inflação. Ela serve como referência para todas as outras taxas de juros da economia, influenciando diretamente o custo do crédito e os investimentos. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é reduzir a demanda aquecida, encarecendo o crédito e incentivando a poupança, o que tende a conter os preços.

 

Contudo, juros mais altos também podem desacelerar o crescimento econômico, já que tornam o crédito mais caro para consumidores e empresas. Por outro lado, cortes na Selic tendem a baratear o crédito, estimulando o consumo e a produção, mas com o risco de perder o controle sobre a inflação.

 

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic. Durante o primeiro dia das reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre o cenário econômico global e local, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê, formados pela diretoria do BC, discutem e tomam a decisão final.

 

 

Meta de Inflação para 2024 e Próximos Anos


Para 2024, a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,5% e 4,5%. Para 2025 e 2026, a meta também foi fixada em 3%, com o mesmo intervalo de tolerância.

 

No último Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado em setembro, a previsão era de que a inflação encerraria 2024 em 4,31%. No entanto, essa estimativa foi feita antes dos efeitos mais recentes da alta do dólar e da seca. O próximo relatório será divulgado em dezembro, trazendo novas projeções para a economia.