Tensão marca abertura da cúpula do G-20 com cumprimento frio entre Lula e Javier Milei

Desentendimentos sobre temas centrais da agenda global e aliança com Trump geram apreensão sobre o sucesso das negociações

Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução x Lula


A abertura da Cúpula do G-20, realizada nesta segunda-feira (18) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi marcada por um aperto de mãos distante entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente argentino Javier Milei. Embora a recepção inicial tenha sido cordial, as divergências entre os dois líderes em relação a pontos cruciais da agenda global levantaram preocupações sobre o possível fracasso nas negociações.

 

Javier Milei, que compareceu ao evento acompanhado de sua irmã e secretária da presidência, Karina Milei, já havia expressado oposição a tópicos importantes da cúpula, como multilateralismo, gênero, sustentabilidade, tributação de grandes fortunas e questões ambientais. Nas últimas semanas, sua postura se tornou ainda mais rígida, especialmente após a vitória de Donald Trump nas eleições primárias dos Estados Unidos. O encontro recente entre Milei e Trump, durante a Conferência Política da Ação Conservadora (CPAC), na Flórida, intensificou as preocupações entre diplomatas brasileiros sobre o impacto dessa aliança nas discussões do G-20.

 

Diferente da recepção calorosa que Lula ofereceu a outros líderes, como o presidente dos EUA, Joe Biden, o cumprimento entre o presidente brasileiro e Milei foi breve e formal, sem demonstrações de proximidade. A foto oficial, sem gestos amigáveis, refletiu a tensão entre os dois. Em contraste, Lula trocou apertos de mão e até abraços com Biden.

 

 

Considerado um representante da direita na América Latina, Milei tem gerado desconforto entre os negociadores brasileiros, que temem que suas posições possam criar um impasse durante a cúpula. A delegação brasileira teme que Milei, influenciado por seu alinhamento com Trump, se recuse a assinar a declaração final conjunta, o que poderia desencadear uma crise diplomática. Embora essa possibilidade seja considerada remota, há a chance de que um comunicado fragmentado seja emitido, excluindo os temas que enfrentam resistência da Argentina, o que também seria visto como um fracasso diplomático.

 

A cúpula reúne importantes líderes mundiais, incluindo Joe Biden e o presidente da China, Xi Jinping, e as tensões entre os países participantes podem determinar o tom e o sucesso das negociações globais.