Na manhã de segunda-feira, 9, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou a prisão de 17 pessoas durante a Operação Overclean, que investiga uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias e corrupção em cinco estados. Entre os acusados estão dois ex-oficiais de inteligência sírios de alto escalão, Jamil Hassan, de 72 anos, e Abdul Salam Mahmoud, de 65 anos, que supostamente torturaram americanos e outros civis considerados inimigos do regime sírio.

Detalhes das Acusações

Os promotores alegam que os ex-oficiais supervisionaram operações de detenção no Aeroporto Militar de Mezzeh, próximo a Damasco, onde os prisioneiros foram submetidos a torturas brutais, incluindo espancamentos, eletrocussões, pendurações pelos pulsos, queimaduras com ácido e remoção de unhas. Os crimes teriam ocorrido entre janeiro de 2012 e julho de 2019, durante a guerra civil síria.

A acusação, não selada e apresentada em um tribunal federal em Chicago, inclui mandados de prisão para os dois acusados, que atualmente estão foragidos. O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, enfatizou que aqueles que cometeram atrocidades contra cidadãos americanos devem enfrentar a justiça.

A Organização Criminosa

As investigações revelaram que Hassan e Mahmoud criaram um ambiente de terror na prisão de Mezzeh, onde os detidos eram forçados a ouvir os gritos de outros prisioneiros torturados e a compartilhar celas com cadáveres. As condições desumanas incluíam privação de alimentos, água e cuidados médicos adequados.

Além das torturas físicas, os acusados são suspeitos de desviar recursos públicos destinados a emendas parlamentares, beneficiando empresas ligadas a administrações municipais. O regime de Assad utilizava contratos superfaturados para implementar esses desvios.

Consequências e Repercussões

A vice-procuradora-geral Lisa Monaco destacou que esta é a segunda vez em um ano que o Departamento de Justiça apresenta acusações contra indivíduos por crimes de guerra contra cidadãos dos EUA. O diretor do FBI, Christopher Wray, reafirmou o compromisso do serviço de inteligência em colaborar com agências internacionais para responsabilizar os supostos criminosos de guerra.

A operação ocorre em um momento crítico, após a recente queda do regime de Assad, que governou a Síria com mão de ferro por mais de 50 anos. A guerra civil resultou na morte de mais de 300 mil civis e no deslocamento de milhões, com os rebeldes declarando Damasco "libertada".